ÚLTIMO POEMA POSSIVELMENTE DE AMOR - Manuel de Castro
recorda
como se os dias não fluíssem em dias
e para ti fosse um nítido jogo de músculos
meu braço no teu corpo anfiteatro
da mais pura derrota rumo às constelações
eis-me descoberta
de tudo que se arrisca sem limites
construído pela coloração de globos de vidro
iluminados e submersos
para o teu nome
um novo mecanismo de linguagem
para o teu corpo
memória ciclo perfeito
dos meus desejos de pedra e de violência
tu
única para quem fui adeus o homem sem comédia
in Manuel de Castro (1934-1971), Bonsoir, Madame, Alexandria/Língua Morta, Lisboa, 2013.