NOITE PEREGRINA - Tessa Estate
já morreram todos os poetas
os que visitavam os dias
pelos contornos esbatidos
dos seus olhos sonhadores
os poetas detentores
de um ror de coisas inéditas
as coisas e seus contrários
a rodopiar em fusão
morro de amor pelos poetas mortos
pela palavra enrolada
no esfarelado das nuvens
pela palavra cantada
no arremesso da estrofe
pelo sonho inatingido
ainda assim um golpe de asa
pelas manhãs luarentas
e noites ensolaradas
pelas sombras delineadas
na luz fosca das ausências
pelos umbrais que passavam
montados na palavra
que buscava transcendências
morro de amor
morro das lágrimas salgadas
que alagam a noite peregrina
submersa seja a dor
dos dias áridos
TESSA ESTATE in "POEMAS NA DENSIDADE", Ed. Religare,